AFROKABUVERDIANU - GA DA LOMBA ft KUUMBA CABRAL
Hoje estava passeando pelas redes da internet , a ver se pescava alguma coisa diferente para o blog, no que diz respeito a Hip Hop Criolo.
E deparei-me com este tema, lançado em janeiro 2020 mas que está, esteve e estará sempre atual já que traduz a a nossa sempre presente reprodução da narrativa da negação de
África uma atitude característica do cabo-verdiano, que mesmo nos dias de hoje continua a tentar negar a sua própria origem africana e a sentir-se mais "europeia" que africana.
Como um cabo-verdiano residente na Europa, vou sempre negar essa teoria de "branquear" a nossa origem e o nosso berço, assim como faço questão de o ensinar ao meu filho.
Por isso, sintam-se a vontade de também revisitar esta obra do Ga da Lomba e a sua mensagem que é válida para os cabo-verdianos residentes assim como para os cabo descentendes perceberem que a sua propria origem e onde está o seu umbigo.
Sou e serei sempre um africano orgulhoso e com orgulho no meu continente.
Caso queiram seguir o artista, fica aqui os dados das suas redes sociais: https://www.facebook.com/GadaLomba
"Se cabo-verdiano não é um africano/Então eu sou um afro-cabo-verdiano/Porque sou um descendente de mandjakus/Sou preto e não branco/Sou descendente de Mandingas/ Não sou americano nem português/Queremos as suas cores e os seus cabelos/No fundo queremos aquilo que nos obrigaram a interiorizar/Eles ditam e nós aplicamos e abdicamos o que é nosso/Assassinaram e apagaram o pensamento de Amílcar [Cabral]/A nossa cultura é africana.../Somos portugueses frutos de estupro, violência e burguesia/ Na tempestade, Amistad privou-me a liberdade/Hoje sou independente, mas com crise de identidade/Falta-me humildade e unidade/Falta-me amizade e solidariedade/Falta irmandade na nossa sociedade/Seriedade e compaixão entre irmãos/Basta de racismo e corrupção.../No século XVII nasceu o cabo-verdiano/Registado e privilegiado/Com o comportamento de desprezo como o seu pai ingrato/A continuar os maus-tratos por causa da pele clara/Todas as influências do continente [africano] a serem conotadas com feitiçaria/A não aceitar o nosso cabelo e a colocar postiço/A considerar as curandeiras africanas como feiticeiras.../Tomamos como a nossa disciplina aquilo que o colono nos ensinou.../Viva Shaka Zulu e todos os outros gurus/Se não nos unificamos não vamos a lado algum/Temos de valorizar pensadores como Thomas Sankara."