IMMORTAL BY HÉLIO BATALHA

01-05-2021

DIA 30 de Abril de 2021 será a partir de agora conhecido como o dia do IMMORTAL. Esta obra que o Hélio Batalha nos presenteou, terá a partir de hoje o seu lugar no Panteão dos Imortais do Hip Hop Criolo, uma obra que deve ser tema de debate e de estudo.

Um rap feito para doer na alma. Na nossa alma de negros. Na alma da historia de todos os Negros que foram escravizados em nome de uma colonização e da ganancia de outros povos.

Dizem que já passou tempo demais e que as dores da escravidão já deviam ter sido ultrapassados. Mas como ultrapassar uma dor que não é reconhecida? Uma dor que é desprezada? Uma dor que ainda sentimos nos dias de hoje?

Uma dor que é aumentada em cada preto morto pela policia. Em cada preto preso por não conseguir soltar das amarras da escravidão que o sistema nos mantém mesmo sem os grilhões das corrente.E como explicar esta dor a quem por ela nunca passou? E como explicar as nossas crianças que esta dor existe e que este sistema continua nos oprimindo, nos dizendo todos os dias que este mundo que nós construímos com o nosso sangue não é nosso? E que devemos voltar para a nossa terra? Para essa mesma terra que fomos arrancados e em que fomos destituídos das nossas raízes?

A única forma é garantir que em cada preto nascido, nasce um revolucionário. Em cada preto, um Cabral, um Sankara, um TuPac,um Malcolm X, um Mamadou. Em cada preto que nasce, que nasça um IMMORTAL que continue lutando, reinvindicando um espaço para respirar e contar a nossa própria história. Para garantirmos que a nossa história, quem o escreve somos nós. Que somos os protagonistas da nossa história, os produtores, os realizadores e os roteiristas. Temos de recusar a contar a historia que escreveram para nós. E para isso, precisamos que a nossa história seja escrita por cada um de nós.

Esta obra que o Helio colocou na street, tem de ser escutado. Percebido. Sentido. E tem de doer na nossa alma. Na alma da minha avó que morreu sem saber escrever. Da minha bisavó que foi escrava. Do meu avó que foi explorado. Do meu pai que contra todos o que "escreveram" que seria a história dele, filho de uma negra vendedeira de cuscuz nas ruas de São Vicente, construi com os seus braços o seu próprio sucesso. Preto. Preto. Sempre Preto. Mas que faz sentir no meu peito, todo o orgulho por ser filho desta história. De ter estas raízes e estas historias.

Sintam este IMMORTAL e sintam orgulho de serem NEGROS. PRETOS. BLACKS. Filhos da Africa. Filhos de Africanos e Africanas que foram escravizados. Mas que estão construindo a sua historia. Mais uma vez. De novo. E quantas vezes forem precisos.

E HOJE SOU IMMORTAL. Por mim e por todos que vieram antes de mim. E para que os veem depois de mim, saibam disso.


PS: Não posso deixar de elogiar também o grande vídeo. O trabalho. Os detalhes. A passagem do tempo. A passagem da dor do preto desde que foi retirado do seu lar, AFRICA, até os dias de hoje. Mas sempre com orgulho. Com orgulho de saber que somos IMMORTAIS.

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