Revan - futur passod na prezent -PARTE 1

20-12-2021

E depois de mais de um mês, já tenho algo a dizer sobre este álbum do Revan. Eu já devia ter escrito algo mas como conseguir atingir todas as camadas desta autentica "cebola" que o artista colocou a nossa disposição?

A minha primeira dificuldade foi entender o motivo do título do álbum ser em letras minúsculas. Porque esta opção tão estranha? Conhecendo o Revan, o mestre das mensagens subliminares, da forma que já conheço, lá tive eu de tentar perceber. Mas se eu tive alguma certeza durante esse processo de perceber esta ideia, acredito que perdi essa certeza e neste momento a única coisa que posso escrever acerca do titulo, é que o mesmo esta dentro de uma ideia superior e que ainda não está fechada. Logo devia começar com uns "..." e também terminar dessa mesma forma "...", já que este álbum é apenas uma pequena partícula de algo maior que o Revan quer trazer para a cultura cabo-verdiana e que vamos ter de o acompanhar no "futuro", já que este "presente" já está no "passado" para conhecer.

Ok. Comecei bem. Divagando acerca do título. Então como vou conseguir resenhar este álbum constituído por 20 músicas (ok, 18 musicas excluindo a intro e uma skit), com tanto a escrever, incluindo um monte de mensagens subliminares?

O álbum começa logo nos querendo "dezunriatar", lançando umas "plidjas na odje" e assim vai nos levando nessa pequena viagem musical criola, onde não falta nenhum ritmo cabo-verdiano para nos fazer sentir membros desta "Kaza" que se diz "Preta" mas é bem mais que isso. É a nossa "Kaza" Caboverdiana, pelo ponto de vista de um MC que veio de São Nicolau para São Vicente, nos levar para a próxima fase do Rap Criolo. Para a fase em que qualquer um que conheça a música cabo-verdiana possa reconhecer estes ritmos ditos criolos.

Então vai ser um álbum de coisas "velhas" lavadas pelo olhar de um MC? Que nada. E se assim não é, aproveita "Pa ba dal na radio ou Pol na Face", porque se não passou na radio e nem nas redes sociais, simplesmente não existiu. Pergunta um mais novo: Bá dal na Radio? Pergunta um mais velho: Pa pol na face? E eu, sendo um membro destas duas gerações, digo sim. Mete na Radio e Coloca no Face porque este álbum vale estar nas bocas do povo.

E de repente entra uma musica, que veem falar de um dos nossos maiores flagelos, que é a dependência do Álcool e da caminhada que jovens fazem, da juventude para a velhice e tudo isso antes dos 30 anos. Uma "Brankinha" que veem nos trazer a dor da perda da vida de muitos jovens e muitos não tão jovens assim. E será que podemos meter nesta "conversa" a nova "brankinha" que também têm destruído tantas e tantas famílias? Não sei mas eu fiquei com a ideia nestas duas "brancas" que insistem em levar tanta juventude para a morte ou para uma morte em vida.

"Ranja ma mim, criola, porra". Assim? "Falta sô dal cum pidrinha, Revan". Se temos uma música onde temos um Revan a mostrar toda a sua qualidade enquanto "escritor", é esta musica. Quantos trocadilhos, quantas brincadeiras com as letras, que ele coloca nesta letra? Fogo. Da 1ª vez que ouvi esta música, ri-me tanto  que acredito que percebi mal a intenção do Revan nesta letra mas pronto. A viagem é minha e ela pode levar-me para onde eu quiser sem complexos e sem medo dos destinos da minha mente, porra.

Onde que estou mesmo? Já nem sei. Mas vou sentar na mesa, com o meu avo e vou começar a pedir uns conselhos. Sozinho ou na companhia de outros mas agora vou convidar o Ga da Lomba "pa bem lombá" esses políticos com algumas verdades que todos conhecem mas que poucos criticam porque não sabem quando vai chegar a vez de eles subirem nesse "cavalo" chamado "governo" e começarem a enriquecer da mesma forma que muitos o fizeram. Mas quanta ironia que temos nesta musica de melodia suave? Senta tu também na mesa e vamos tentar descobrir juntos.

Hora da calma. Hora de sentir a dor de tantos, que pode ser qualquer um. Como não rever neste som, a luta de 80%(??) da população criola? Aquela que dorme sem saber como vai ser o dia de "manha"? Eu sinceramente fiz um filme na minha cabeça com esta música. "Manha""Manha". Como assim, temos ainda uma grande parcela da população que continua apenas acreditando no amanha e que nunca vê o hoje? Nunca tem a garantia de comida na mesa, teto na cabeça? Até quando vamos ver as nossas crianças a dormirem cm fome? Até quando vamos ver tantos jovens sem perspetiva num presente sorridente e apenas a viver de promessas de um futuro que nunca mais chega? Um pedido: Que esta musica tenha direito a um vídeo porque quero ver este filme que criei na minha cabeça. Pode ser "manha" mas tenho urgência em ver isso "hoje".

5775: 05 de julho de 1975. Foi nesse dia que foi lançado o sonho que quase 50 anos depois ainda domina os cabo-verdianos. O sonho de serem independentes. Já nos soltamos das amarras do colonialismo mas que nunca soltamos as amarras das nossas  mentes, continuando a depender de terceiros que agora não vem "directamente" da antiga metrópole mas que agora chegam através de aqueles que insistem em vender o futuro de todos para garantir o bem de alguns. Porque? A culpa é daqueles que por lá passaram, daqueles que lá estão e talvez dos que lá vão estar no futuro. E como quebrar isto? Soltando as amarras mentais desta juventude que tem tudo para serem a verdadeira revolução sonhada por aqueles que deram a vida pela nossa Libertação. Activem o código 5775 e soltem as amarras que prendem a nossa mente e vamos partir para a nova revolução. O tempo é agora e é hoje.

Choque. Choque. Choque. "Na nha temp". Quantas vezes já ouviste esta frase? E quantas vezes já disseste esta frase? O choque geracional sempre existiu e sempre vai existir. E claro que todos o queremos ganhar. Mas nunca vamos faze-lo. Porque cada geração tem o seu próprio tempo. E apenas os que sobreviveram a ele, é que vão poder dizer "Na nha temp" ao falarem com outras gerações. Por isso, jovem sobrevive ao teu tempo para poderes contar acerca dele, já que a história é feita pelos sobreviventes.

Eu posso apontar tantos "Kem" daqui de Portugal que acredito que qualquer um o pode fazer em Cabo Verde. Quantas famílias já brigaram pelos partidos? Quantos que já depositaram as suas esperanças em uma "ajuda" que estes mesmos partidos prometem para depois das eleições? Quantos que já não quiseram mamar na vaca chamada "Governo"? E quantos não "morreram" desiludidos com estas mesmas promessas? Eu posso apontar os "Kem" mas posso apontar principalmente os "Kem" todos os anos/eleições tenta iludir o povo a acreditar nessas mesmas balelas. Novamente uma visão da política criola pela caneta afiada do Revan.


TO BE CONTINUED...........

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